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... existir, humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo. O mundo pronunciado, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos pronunciantes, e exige dele novo pronunciamento. (...) Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. (FREIRE, 1979, p. 92)

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Sabe-se que a educação é um fator imprescindível  à vida em sociedade e, é através dela que os indivíduos se apropriam dos conhecimentos historicamente construídos, seja ela a educação formal (escolar) ou a informal (religiosa, familiar), ganhando, assim, as habilidades necessárias para a sua melhor adequação ou meio em que vive.

A educação formal já existe há muito tempo, porém tornou-se mais decisiva, devido, o surgimento da industrialização que buscava preparar uma grande massa trabalhadora para encarar as novas tecnologias. Assim, a partir desta era o ensino escolar ficou subentendido como uma necessidade da vida moderna, uma propriedade de quem vive na cidade já que a industrialização tornou-se a sua marca principal.

Sendo, assim, há alguns lugares onde a educação escolar foi por muito tempo renegada. Destaca-se, aqui dentre eles a zona rural onde por longo período se acreditou que as pessoas que nela moram não precisam de escolarização porque as atividades que elas desenvolvem exigem mais esforço físico que intelectual e, como mostra o parecer de numero 36/2001 do Conselho Nacional de Educação que ate o início da década de XX

A ausência de uma consciência a respeito do valor da educação no processo de constituição da cidadania, ao lado das técnicas arcaicas do cultivo que não exigiam dos trabalhadores rurais, nenhuma preparação, nem mesmo a alfabetização, contribuíram para a ausência de uma proposta de educação escolar voltada aos interesses dos camponeses”.

Contudo, esse pensamento foi sendo vencido devido a crescente valorização do homem do campo e a consciência de que ele é parte integrante no todo que é a sociedade.

 Há aproximadamente oito décadas, no Brasil, se desenvolveu projetos e, conseqüentemente, se executou alguns benefícios relativos à Educação do Campo. Contudo, os investimentos, destinados a essa área educacional, pela união, eram e continuam sendo insuficientes para garantir uma educação de qualidade que atenda às reis necessidades e interesses dos cidadãos campesinos. Percebeu-se que além da precariedade da educação do campo, como comumente se vê nas diversas regiões do país (escolas com estruturas físicas inadequadas e de difícil acesso, professores com pouca formação, etc.) são trabalhados conteúdos relacionados mais a realidade citadina do que a cultura local em que a escola está inserida. E este cenário, contribui tanto para dificultar o processo de aprendizagem, quanto para perdurar a ideologia dominante que concebe a vida no campo como lugar inferior dando destaque a vida urbana, possibilitando um dos grandes problemas no seio da sociedade, o êxodo rural que desencadeia a superlotação das cidades que acabam não atendendo toda essa demanda.

É fundamental que a educação, voltada para o campo, seja pensada tendo como prioridade um ensino que possibilite ao cidadão campesino entender o valor de sua cultura, descobrindo, a partir de políticas de conscientização, caminhos de aproveitamento de riquezas materiais e imateriais do seu meio. Foi pensando nisso que o artigo 28 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, permitiu despontar para uma visão ampla quando exige a que o currículo para a educação do campo seja pensado a partir das peculiaridades que circundam as localidades. Está assim:
“Art. 28. Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente:
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;
II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.”

 A cultura local, nesta perspectiva, será estimada, possibilitando ao educando a consciência do valor das atividades que são desenvolvidas em seu ambiente, o sentimento de pertencimento e ao mesmo tempo uma formação que lhe garanta atuar em qualquer âmbito da sociedade.




(Ministério da educação - Conselho Nacional de Educação; parecer numero 36/2001; assunto: Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo)



Melques Menezes

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